Agenda de Eventos | Artigos | Galeria de Imagens | Links Uteis | Expediente | Responsabilidade Social | Mensagens | Parcerias

Animais na socialização dos Idosos



   Nessa fase da vida, inicia–se a redução dos contatos pessoais, como por exemplo, de cônjuges e amigos, a separação dos filhos e dos colegas de trabalho, além das alterações dos papéis sociais. Todos esses fatores tendem a reduzir a rede de suporte social ao idoso, desencadeando uma solidão constante, que passa a ser fonte de estresse e que pode ser traumática. No contexto da nossa sociedade, a tendência de viver sem uma companhia humana faz aumentar as interações sociais alternativas, visando à manutenção da saúde e do sentimento de bem–estar.
   No que concerne às interações sociais alternativas? Diversas pesquisas têm mostrado que os seres humanos, especialmente os idosos, consideram seus animais de estimação membros da família. De acordo com Suthers–McCabe (2001), a relação ser humano–animal é talvez mais forte e mais profunda na velhice do que em qualquer outra idade. Nesse sentido, a interação entre humanos e animais se reveste de um caráter benéfico e dinâmico na medida em que inclui não somente o aspecto da companhia proporcionada pelos animais, mas também as trocas de vivências emocionais, psicológicas e físicas entre as pessoas. O relato a seguir, traz à tona exatamente esta questão: a importância do convívio com animal de estimação como auxílio para amenizar o sentimento de solidão e expandir o contato social:
   M. 66a, relata que perdeu sua mãe há 07 anos atrás, aos 86 anos de idade. Foi cuidadora dela por mais de 10 anos, pois a mesma apresentava um quadro de artério esclerose, e por fim precisou de cuidados totais para as atividades da vida diária.
   Após o falecimento de sua mãe e por ter se desgastado muito nos cuidados com ela, M. relata que se sentia muito sozinha e quase não saía de casa. Alguns amigos percebendo isso, a aconselharam a pegar um cachorrinho, para lhe fazer companhia. M. diz que entrou em contato com uma pessoa de uma rede social, e o mesmo lhe mostrou a foto de uma cachorra recém nascida. Passados 40 dias, que ela precisava ficar junto à sua mãe para mamar e ganhar peso, M. foi até a casa desta pessoa para buscá-la. Chegando lá, havia outros cachorros, mas a que ela mais tarde batizou pelo nome de Luna foi se aproximando dela e a cheirando. Foi aí que aconteceu o nosso caso amoroso....... Inicialmente eu me arrependi um pouco, pois ela era muito levada, chegando a estragar muitas coisas na minha casa. Mas com o passar do tempo, eu fui treinando-a e a cada dia ela me surpreende com o amor que ela tem por mim e eu por ela.
   M. relata: “Eu moro há muito tempo em um bairro da cidade de Santo André, e não conhecia quase ninguém, pois eu trabalhava fora só voltava à noite para casa. Depois que me aposentei (isso já fazem mais de 15 anos) e como eu fiquei envolvida nos cuidados da minha mãe, não tive oportunidade de conhecer as pessoas do meu bairro. Porém, com a vinda da Luna, e pelo fato de ter de levá-la para passear, eu tenho tido oportunidade de fazer muitas amizades, pois onde eu passo com a Luna não há quem não pára para mexer com ela, pois ela é muito especial e brincalhona, e com isso eu me sinto muito feliz, embora eu também encontre pessoas que não gostem de cachorros. E mesmo ela me dando trabalho, muitos gastos e fazendo muita sujeira, porque ela é muito levada, não posso deixar de mencionar o bem que ela me faz, e o quanto a vinda dela me deu um significado e um sentido na minha vida, pois além de amenizar meu sentimento de solidão, tive oportunidade de fazer novas amizades e retomar o contato com meus vizinhos, o que me ajudou muito na minha socialização com as pessoas do meu bairro”.
   Esse relato nos mostra nitidamente como é importante a companhia de um animal de estimação, que proporcionam uma significativa melhoria na qualidade de vida das pessoas, aumentando os estados de felicidade, reduzindo os sentimentos de solidão e melhorando as funções físicas e a saúde emocional. Para Suthers–McCabe (2001), os animais de estimação são companhias íntimas que não oferecem competição e podem ser amados sem o medo da rejeição. Eles promovem experiências estimulantes e inspiram humor e brincadeira. A autoestima das pessoas idosas pode ser aumentada ou restaurada pelo sentimento de que os animais dos quais elas cuidam as amam em troca.
   Ademais, essas interações sociais alternativas podem funcionar como um “lubrificante social”, na medida em que a presença dos animais acaba servindo de estímulo para a conversa com outras pessoas. Desta forma, a ligação com os animais de estimação influencia positivamente a saúde das pessoas idosas.

Silvana Lavechia - Psicóloga especialista em Psicologia do Envelhecimento pelo HC e Gerontóloga/SBGG


© Copyright 2015 Associação dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas da Região do Grande ABCDMRPRGS