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Editorial de Novembro de 2011



A Luta é Permanente

       A romancista e ativista francesa Benoite Groult escreveu em seu romance “Um Toque na Estrela”: "É bom saber que além de abrir a porta para um bom número de doenças a velhice é uma doença em si. É importante, portanto, não contraí-la".

       É uma advertência bem-humorada e indica que o ideal seria poder viver muito tempo sem envelhecer. Como isso ainda não é possível, vivemos uma contradição: não queremos envelhecer, mas também não queremos morrer aos quinze anos. Verificamos, a contra gosto, que o passar do tempo nos torna idoso, mas esta realidade embora imponha certas limitações, não deve ser entendida como uma fase negativa da vida nem como época de lamentações e sim como o tempo de fazermos um balanço de tudo que realizamos.

       Além disso, sendo essa, a última etapa da vida terrena é, como alguém já disse, o momento em que devemos transferir nossos conhecimentos para os outros. Por isso não deve ser entendida como tempo de lamentar oportunidades perdidas, até porque choro ou amargura não trará de volta a juventude, não restaurará as oportunidades, não resolverá nenhum problema, podendo até agravar algum já existente. Além do que, não se vive de saudade e o que se pode fazer é participar de outras atividades compatíveis com a idade que se tem e para tudo buscar equilíbrio e postura de vida que sejam olhados com respeito. Lembremos, ainda, que todos nós fizemos o que foi possível, construímos nosso degrau na história, mas ainda precisamos fazer mais: precisamos continuar lutando pela manutenção dos nossos direitos duramente conquistados, dando exemplo aos jovens para que eles possam ter amor às conquistas herdadas e as ampliem.

       Devemos passar para a juventude a idéia de que com seu poder transformador podem e devem enfrentar o desafio de melhorar o mundo, tendo uma consciência ética apurada e um grande respeito por si mesmos e pelos outros. O importante é que o idoso entenda que não é privilégio que dão para ele ocupar esse espaço que foi conquistado ao longo dos anos e neste espaço dizer sua verdade. Em qualquer época de nossas vidas vivemos apenas o momento presente, presente este que incorpora o futuro. O resto é passado e o passado não tem volta, ele deve servir apenas como um foco luminoso para clarear o caminho aos que vêm depois.

       Portanto, o idoso não deve ficar à margem do mundo resmungando pelos cantos e sim ir à luta em busca da manutenção dos seus direitos. Estas reflexões vêm a propósito das últimas manifestações de rua das quais participamos. É preciso fazer um esforço e mostrar ao governo a nossa indignação e que a luta pela reposição de nossos direitos se espalhe por todo o Brasil, acrescidos de novas palavras de ordem. E que cada candidato transforme seu escritório político e seu gabinete em uma trincheira em defesa daqueles que construíram esta Nação. A ausência de reação tem levado a que sucessivos governos continuem desrespeitando a Constituição e unilateralmente têm rompido contratos sociais em andamento, todos praticando a pilhagem dos direitos adquiridos. O atual governo vem falando em reforma da Previdência e quando falam em reforma é para piorar uma situação que já é ruim. Por trás disso há o claro propósito de privatizar a Previdência sob a cínica e mentirosa afirmação de que ela é deficitária. Onde tem fumaça tem fogo. Ou os aposentados reagem entrando na luta ou desse fogo sobrarão as brasas que transformarão os pequenos salários em cinza.

Etevaldo Santiago de Araújo - Diretor


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