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OS PROTESTOS DAS RUAS



   Os movimentos ou protestos das ruas atuais que começaram no Egito e se espalharam por outros países daquela região, tendo sido batizada de Primavera Árabe, se estenderam depois por outros países tendo chegado agora ao Brasil, demonstra que o filósofo e economista político nipo-estadunidense Francis Fukuyama estava equivocado, quando decretou o fim da história. A História continua sendo escrita, agora sem os rótulos de esquerda ou direita, tanto que não vimos em nenhum dos cartazes, exibidos pelos jovens, viés ideológico, parecendo que eles querem com isso dizer que as ideologias, não impedem atos de corrupção como vimos no caso do mensalão e mais recentemente o Ministro do esporte ser demitido pela Presidente da República por práticas ilícitas. As manifestações no Brasil exigem fazer com que os políticos cumpram o que prometeram em campanha mostrando ainda, que o partido hoje no poder, que antes de lá chegar se autodenominava paladino das causas populares e único detentor da ética, hoje não é diferente de qualquer outro partido e está prematuramente envelhecido, parecendo não ter nenhuma proposta inovadora. É tão verdade isso que um de seus principais membro, ocupando cargo de ministro vive falando em era pós-industrial, quando o que tem que ser posto em pauta é a reindustrialização, com as novas tecnologias não poluentes tendo como ponto principal a educação de qualidade para que o País avance se modernize e seja competitivo internacionalmente.

   Isso para acabar com a velha história de o Ministro da Fazenda vir à televisão em todo inicio do ano dizer que o Brasil vai crescer entre 4,5% e 5% e durante o ano ele vai rebaixando essa previsão de tal maneira vai acabar precisando, olhar debaixo do tapete para encontrar os números do crescimento. Tanto isso é verdade que a imprensa nos informa que em 2012 a China cresceu 8% e o Brasil 0,9% (menos de 1%). A previsão para 2013 é que a China cresça 7,5% e o Brasil talvez chegue a 1,5% ou 2%. Ou seja: continuará na rabeira. Por isso está claro que todo entusiasmo demonstrado pelos jovens em passeatas pelas principais cidades do Brasil não foi apenas pela revogação do aumento de 20 centavos no preço das passagens de ônibus, a agenda é mais extensa. Mas é importante que eles se conectem não apenas entre si, mas também aos sindicatos, partidos políticos e outras organizações sociais, não para ficar a reboque deles, mas para fazer com que eles se movam e deixem de ser apêndice do governo, para oxigenar essas organizações tirando-as dos vícios atuais e promovam a ampliação da democracia porque sem partidos políticos não há democracia em parte alguma do mundo. Não dá para aceitar que eles digam que acordaram agora e pensem que com esse despertar estão inventando a roda. Se insistirem nesse ponto (a exclusão dos partidos e outras organizações) estarão demonstrando ignorância sobre a história, além do que essa posição é ditatorial. O protesto de rua é legítimo, mas não é um fim em si mesmo. Ele questiona, busca resposta e essa reposta tem que vir do poder constituído. O movimento das ruas precisa ter como alvo fazer com que as máquinas partidárias se movam, saindo do marasmo deixando de compactuar com a corrupção e que o governo pratique o mandato a favor do povo, e não contra, como vem ocorrendo com constantes aumentos de impostos e com serviços públicos de péssima qualidade. Porque uma coisa está clara: pagamos impostos de primeiro mundo e temos educação, saúde, segurança e mobilidade urbana de quinto mundo. Portanto, a mobilização nas ruas é legítima, mas até aqui, tem sido difuso, não tem cabeça, não tem uma liderança definida, portanto não tem interlocução e não tem como encaminhar negociação. A solução das demandas colocadas nos protestos, só pode ser solucionada através dos partidos políticos que, queiramos ou não, recebeu nas urnas a missão de legislar. Outro dado importante: eles (os jovens) só estão se manifestando agora, porque nós que chegamos antes, não estávamos dormindo.

   As ruas, agora, só podem ser ocupadas, porque anteriormente nós derrubamos a ditadura que sufocava o grito na garganta.

   A ditadura era um regime que tinha como norma a existência de torturadores, de assassinatos praticados pelos agentes do Estado, que patrocinavam a chamada paz dos cemitérios, grande parte deles clandestinos. Quando participamos com os estudantes na passeata de Santo André, levamos nossas faixas com palavras de ordem e para maior clareza de nossa posição uma delas dizia: “No passado lutamos contra a ditadura, hoje lutamos contra a corrupção”. Caminhamos com eles que nos aceitaram com entusiasmo, para que conheçam nossa história e saibam que no passado lutamos para construir esse espaço de liberdade no qual se movimentam. Nos movimentos atuais é preciso evitar ao máximo possível a ação dos baderneiros. A baderna é por sua ação primitiva, e seu primarismo, nociva e antidemocrática. Os baderneiros destroem instrumentos de defesa da cidadania, tais como iluminação pública, semáforos, ônibus, telefones públicos, instrumentos estes que foram adquiridos com recursos oriundos dos impostos pagos por homens e mulheres honrados deste País. Portanto, o foco dos protestos tem que continuar sendo direcionados à melhoria das condições de vida da população, tem que fazer com que o governo e o congresso cumpram sua parte do contrato social estabelecido quando de sua vitória nas urnas. Porque, quando se reivindica do governo, o pagamento de salários justos para professores, profissionais da saúde, para policiais e aposentados, o governo nunca tem recurso, mas tem para construir estádios monumentais, superfaturados, um gasto fantástico que não trará retorno algum. Se esse esbanjamento de recursos fossem usados para sanar os itens de interesse do povo em pouco tempo o Brasil sairia desse terrível atraso de País periférico. Mas parece que a agenda do povo é uma e a do governo é outra. Há um divórcio entre o que prometeram antes das eleições e o que se faz depois dos votos contados. Portanto é muito justo que os jovens em protesto nas ruas, não tenham aceitado ser apropriados por qualquer partido que tentaram se infiltrar, visto que eles ao longo do tempo tiveram a oportunidade de por em andamento uma agenda positiva. Não o fizeram e, portanto, não têm o direito de, agora pegar carona em um movimento que eles não criaram e que se pudessem abafariam. Em que pese tudo isso, é preciso ter claro que a democracia só se move através dos partidos, dos sindicatos, das associações, da academia e do judiciário.

   Sem a inclusão desses setores que estruturam a agenda democrática, com seu saber em várias áreas, a democracia estará manca e o gigante que aparentemente acordou poderá ficar paralisado. O Brasil que queremos, com Paz, Justiça Social e sem corrupção, não pertence a nenhuma classe em particular, mas a todo o povo. Isso pode parecer o sonho de um otimista incorrigível, mas muitas coisas começaram com um sonho e se transformaram em realidade.

   Vamos Juntos.

Etevaldo Santiago de Araújo - Presidente


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