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Cuidando de quem cuida...



    Com o avançar da idade, é comum as pessoas serem acometidas de algum tipo de doença crônica degenerativa, levando-as a se tornarem dependentes de cuidados especiais. Quando isso acontece, além de cuidados com a saúde, os idosos precisam de atenção, boa alimentação e de apoio para auxiliá-los, muitas vezes, em suas atividades da vida diária. É importante ter alguém preparado para garantir sua segurança, mobilidade, boa alimentação, cuidado adequado quanto ao uso de medicação, entre outros aspectos.
    Geralmente são os membros da família, do sexo feminino, que ficam responsáveis por estes cuidados. Na maioria das vezes, são pessoas carentes de informações sobre os cuidados corretos que devem oferecer ao idoso, e ainda acumulam outras atividades fora de casa. Estas dificuldades somadas, podem levar o cuidador à uma sobrecarga muito grande, ocasionando o aparecimento de patologias que vão influenciar em sua vida e tarefa de cuidar de seu idoso.
    Pensando nesta questão, a Associação dos Trabalhadores Aposentados e Pensionistas da Região do Grande ABCDMRPRGS, oferece o serviço de atendimento psicológico aos seus associados, com a finalidade de também dar um suporte emocional e de orientação aos cuidadores de idosos. E foi exatamente isso o que aconteceu à associada C. de 56 anos, solteira, que procurou o atendimento psicológico na Associação, após sofrer uma crise de ansiedade, dores no peito e com um sentimento de desespero muito grande. Devido a este quadro, C. precisou ser levada ao hospital e o médico orientou-a a procurar ajuda psicológica.
    C. é cuidadora de sua mãe de 98 anos, com autonomia para as atividades da vida diária, “bem humorada”, segundo relato de C. e que necessitava apenas de cuidados e atenção básicas. Porém, C. também cuidava de uma tia de 87 anos e que estava numa condição de dependência para as atividades da vida diária e segundo C., “muito rancorosa e que sobrecarregava ela com exigências muito grande nos cuidados oferecidos”. Estes cuidados com às duas idosas já duravam 10 anos quando a mesma chegou à Associação e solicitou o atendimento psicológico, com queixa de dificuldade em concentração, estresse e solidão.
    No decorrer dos atendimentos, a associada cuidadora das duas idosas foi percebendo que ela mesma monopolizava os cuidados, não permitindo que outros membros da família a auxiliassem nos cuidados, achando ser somente dela a responsabilidade dos cuidados e que “ninguém cuidaria como ela”....
    Percebendo estas questões e de como isso estava afetando sua saúde física e emocional, ela foi aprendendo a dividir os cuidados, e com isso possibilitou que outros membros da família também aprendessem a exercitar os cuidados com as idosas. C. também conseguiu arrumar tempo para cuidar de si, voltar a fazer algumas atividades que gostavam, mas que não tinha tempo, como a leitura, cuidar de plantas e sair de casa para se divertir, além de tirar alguns dias de férias. No último atendimento, C. relatou estar mais feliz, se sentindo mais leve e se relacionando melhor com a família.
    Devido à dedicação, muitas vezes prestada ao idoso debilitado, o cuidador se esquece de cuidar de si mesmo, negligenciando sua própria saúde em função dos cuidados rotineiros que presta ao seu idoso, tendo em vista que seu tempo está tomado em função do outro. E muito embora cuidar seja uma tarefa sublime, é também árdua e que exige do cuidador dedicação, controle emocional e autocuidado. Assim, necessário se faz que o cuidador aprenda a cuidar de si, a cuidar do outro e dividir os cuidados a outros membros da família, para que tenha qualidade nos cuidados dispensados à pessoa idosa.

Silvana Lavechia – Psicóloga especialista em Psicologia do Envelhecimento pelo HC e Gerontóloga/SBGG



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